Ronnie Coleman: A lenda do fisiculturismo que venceu e pagou o preço alto

Nada como tirar a luva de treino, encostar a barra no suporte e bater aquele papo maroto enquanto o suor ainda está pingando, não é? Pois foi justamente entre uma

Nada como tirar a luva de treino, encostar a barra no suporte e bater aquele papo maroto enquanto o suor ainda está pingando, não é? Pois foi justamente entre uma série e outra que pintou o assunto Ronnie Coleman — e, claro, a galera do Ponto Fitness quis saber se o que rolou no lendário artigo do hipertrofia.org (atualizado em 01/06/2025) bate com a realidade que a gente vê nas placas de ferro e nos vídeos antigos. Então puxa o banco, prende a respiração pra não rir alto quando lembrar dos “Yeah Buddy!” e “Light Weight, Baby!”, e bora trocar ideia sobre o homem que virou sinônimo de força bruta e, ao mesmo tempo, exemplo de até onde o corpo humano aguenta – ou não aguenta – ser levado.

Primeiro, pensa num garoto do interior dos Estados Unidos — Monroe, Louisiana — que cresceu mexendo em bola de futebol americano e ferro velho de academia comunitária quase ao mesmo tempo em que aprendeu tabuada. Esse moleque era Ronald Dean Coleman, nascido em 13 de maio de 1964 e, como todo bom adolescente hiperativo, testava qualquer esporte que pintasse na escola. O que ninguém imaginava é que aquele jogo de futebol, onde a galera precisava acordar às cinco da matina pra treinar, ia moldar não apenas o físico, mas a disciplina monstro que se tornaria marca registrada dele. Na faculdade, ele estudava Contabilidade (sim, Coleman quase foi o cara que faz seu Imposto de Renda!), mas o som da placa batendo era mais sedutor que qualquer planilha de débito e crédito.

Saiu da formatura, entrou numa maratona de subempregos que fariam qualquer mortal pedir arrego — empacotador, entregador, você escolhe — até que veio a vaga de policial em Arlington, Texas. Se liga na cena: ele fazia patrulha de noite, fardado, e durante o dia levantava tanto peso que derrubaria o medidor de força de qualquer academia comum. E foi na delegacia que um colega de farda sacou o potencial oculto do brutamontes. “Ronnie, bora lá na Metroflex Gym”. Lá dentro ele conheceu Brian Dobson, dono do ringue de ferro e apurador de talentos, que ofereceu o maior negócio da história: treino de graça em troca de uma inscrição num campeonato local de fisiculturismo. A chance de levantar mais peso sem pagar um centavo fez o gigante nem piscar.

Três meses de preparação focada, dieta contada no grama, e em 1990 o até então iniciante se jogou no palco do Mr. Texas amador. Resultado? Primeiro lugar geral, quebrando a banca e ainda deixando pra trás o próprio treinador. Ali a ficha caiu: “Talvez eu leve jeito pra essa brincadeira”. Só que, logo depois, veio o choque de realidade no NPC Texas: campo profissional, mais tubarão por metro quadrado e, claro, um modesto terceiro lugar que fez o “rookie” entender que palco grande não perdoa falta de volume muscular. Ele sumiu por um ano, voltou mais largo do que porta de caminhão e, em 1991, ganhou o Mundial de Amadores na Polônia. De quebra, ainda pegou o cobiçado pro card da IFBB. A partir daí, nada de amador: era jogo para gente grande.

Fast-forward pra 1998: Coleman entra no Mr. Olympia e sai com o troféu. Parecia script de filme, mas o cara repetiu a dose por nada menos que OITO anos seguidos (1998 a 2005), igualando o recorde de Lee Haney. Nesse caminho, ele colecionou 24 títulos profissionais adicionais, transformando seu apelido, “The King”, em algo que até quem nunca seguiu fisiculturismo reconhece. Rival depois de rival, todos sentiram o gosto amargo de ficar atrás — Flex Wheeler, Jay Cutler, Shawn Ray — até nomes gigantes baqueavam diante do combo largura + definição + carisma que Ronnie levava ao palco. Era como assistir a um filme do Rocky Balboa em loop, só que com halteres de cem quilos no lugar de luvas de boxe.

Mas a pergunta que sempre faz alguém ajeitar a alça do cinto de levantamento: como esse titã encaixava treino, dieta e ainda plantão na polícia? Prepare-se pra rotina que faria qualquer aplicativo de produtividade travar. Ele ia dormir lá pelas quatro da manhã, porque o expediente na delegacia virava noite adentro; acordava às sete só pra bater a primeira refeição, voltava a cochilar até as oito e, ao levantar, fazia uma hora de esteira no quarto mesmo — cardio em jejum na veia. A segunda refeição rolava na sequência; meia-dia ele já estava cravado na Metroflex, martelando ferro por 60 a 90 minutos. “Ah, pouco tempo”, você deve pensar. Mas cada série era executada até a última fibra reclamar, e cá entre nós, quem faz agachamento com 360 kg em plena terça-feira não precisa de treino maratona, precisa de paramédico de plantão.

Terminada a sessão insana, Coleman engolia outra marmita e corria direto pro vestiário da delegacia. Trocava a regata por colete à prova de balas, chegava às quinze horas pronto pra patrulha. No intervalo de almoço da ronda — 45 minutos cronometrados — ele mandava mais frango com arroz, às vezes um shake de proteína escondido na viatura pra economizar tempo. Às onze da noite largava a arma, voltava pra casa, comia, respondia e-mails, tomava banho e, antes de apagar, batia um shake com 100 g de whey. Se você entortou a cara só de ler, imagine viver isso seis dias por semana durante anos.

Agora, pega essa dieta de relógio suíço e soma à filosofia de treino que mais tarde virou meme na internet: carga extrema, mas também volume respeitável. Sim, ele era famoso pelos vídeos gritando ao remar 90 kg em cada braço ou agachar com mais de três vezes o peso corporal. No entanto, fora das filmagens icônicas, a maioria dos seus exercícios era controlada: sessões de 10 a 20 repetições, sets piramidais, descanso calculado. Ronnie acreditava que músculos respondem melhor a choque de intensidade, mas também a musculatura bem irrigada por sangue — daí o pump perpétuo que ele exibiu entre 1998 e 2005. Cinco dias de treino, fim de semana de descanso total, nada de inventar moda em aparelho fancy: era barra, halter, básico bem-feito, porque agachar, supinar e puxar terra pesado ainda é a língua franca da hipertrofia.

Tá curtindo? Segura mais essa: disciplina alimentar. Em “bulk” fora de temporada ele batia 6,5 mil calorias, distribuindo proteína de peito de frango, carne magra e shakes, carbo de arroz integral, batata-doce e, claro, aquele monte de panqueca que aparecia nos vídeos matinais. Em “cut” pré-competição, a ingestão despencava, mas continuava volumosa o suficiente pra sustentar 130 kg de músculo seco. Gorduras vinham de amêndoas, pasta de amendoim e óleos bons — nenhum segredo esotérico, apenas consistência chata e medição milimétrica.

Só que toda moeda tem seu outro lado, e a conta chegou. O texto do hipertrofia.org conta em detalhes: o estopim foi uma hérnia de disco antiga, agravada por anos de agachamento quase sobre-humano e leg press com carga que faz até empilhadeira suar. O quadro evoluiu pra dores crônicas, cirurgias na coluna e no quadril — foram mais de dez intervenções, com complicações que limitaram severamente a locomoção. Hoje a imagem de Ronnie em cadeira de rodas, ou apoiado em muletas, contrasta brutalmente com o ícone de costas tridimensionais que reinava no Olympia. Ainda assim, em entrevistas recentes, ele repete que não se arrepende: “Faria tudo de novo; só ajustaria umas coisas pra não ficar preso a uma cama de hospital”.

E é impossível não refletir junto com a turma aqui do boxe de ferro: qual é o ponto em que paixão vira teimosia? Porque se o “King” ensinou algo, foi disciplina e amor ao esporte, mas também a dura lição que nosso corpo, por mais adaptável, tem limite mecânico. Na prática, dá pra tirar algumas pepitas de sabedoria sem precisar levantar meia tonelada: priorize a forma antes da vaidade, progrida carga devagar, faça check-up de verdade (não só foto no espelho) e, acima de tudo, ouça seu corpo quando ele mandar sinais de emergência — porque a dor que você ignora hoje pode virar cirurgia amanhã.

Por outro lado, a aura de lenda permanece inquebrável. Coleman mostrou que foco destrava barreiras que parecem sobrenaturais, e isso vale pra tudo: dieta na última refeição da noite, cardio quando o despertador mal tocou, ou estudo quando a cabeça quer Netflix. A história do garoto que trocou a mesa de contabilidade pela barra olímpica e terminou colecionando oito Sandows — mesmo depois de amargar derrotas consecutivas — confirma que resiliência não é clichê de post motivacional, é ferramenta tangível pra quem quer chegar em lugar nenhum de elite.

Então, da próxima vez que alguém na Ponto Fitness mirar nos halteres e soltar aquele “É só mais cinco quilos, tranquilo!”, lembra que o “Light Weight, Baby!” tinha contexto: ele gritava pra enganar a mente e fazer o corpo acreditar que a barra era leve. Mas leve mesmo é treinar com inteligência — porque, amigo, ligamento não se regenera tão fácil quanto ego ferido. Traga essa energia de Coleman pra dentro do treino, mas leve o recado clínico na mochila: alonga, fortalece core, distribui carga com planejamento e, se possível, deixe espaço para a vida além do supino.

O veredito? Ronnie Coleman segue, em 2025, lutando pra recuperar mobilidade, cavando esperança onde a medicina às vezes é cética. Embora dependa de cadeiras e muletas, ele ainda motiva milhões e faz a galera levantar do sofá — ou da cama de hospital — pra encarar seus próprios desafios. A trajetória contada pelo hipertrofia.org ilustra que glória extrema pode exigir sacrifício equivalente, mas a inspiração que ele espalhou supera até as limitações físicas que hoje enfrenta.

E assim, entre o cheiro de magnésio na barra e o trovão abafado do ferro batendo no chão, a gente chega ao último papo do dia: cada um carrega seu “Mr. Olympia” interno, seja ele um recorde pessoal ou a primeira corrida de 5k. Talvez você não busque oito troféus dourados, mas certamente busca algo que te faça acordar cedo ou dormir tarde. Se quiser copiar uma página do livro do King, que seja a da perseverança combinada com planejamento sensato. Porque a força verdadeira não está apenas em erguer o mundo, mas em conseguir caminhar por ele depois. E, convenhamos, ninguém quer terminar a série final sem ter fôlego pra brindar a vitória com os amigos — ou esticar o braço até a garrafa d’água sem sentir a coluna reclamar.

Agora que o cronômetro zerou, solta o ar devagar, adiciona um disco de quinze no cada lado — ou não, porque quem decide é teu treino, não o feed do vizinho — e, lá dentro, lembra do grito que ecoa há décadas: Yeah Buddy! Leve na consciência o peso do exemplo e, no corpo, só aquilo que você pode carregar sem quebrar. Porque, no fim do treino e da vida, o que vale é continuar em pé, pronto pro próximo set.

Com informações Hiportrofia.org

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LEANDRO VERAS

Sou o criador do Ponto Fitness e sei que treino vai muito além de músculos: é superação, saúde e confiança. Aqui, compartilho dicas práticas e motivação para transformar sua rotina com resultados reais, tudo de forma leve, direta e sem enrolação. 💪🚀

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